domingo, 24 de maio de 2009

A Mão de Deus

Olá amigos,




Vamos ver se consigo deixá-los a par de todas as novidades, ok?




Na terça-feira, dia da reunião de triagem na sede do Shalon, também era o dia de meu curso. Sabia que não podia faltar mais de uma vez ao curso. Mas pesei os prós e contras e resolvi qe não poderia deixar meu sobrinho e minha irmã (tia também) irem sozinhos neste dia. Primeiro porque tinha que dar essa força para o meu sobrinho, afinal foi a minha ajuda que ele pedira primeiro e outra, porque minha irmã poderia deixar o emocional falar mais que o racional e tudo ir por água a baixo.


Chegamos na hora e fomos recebidos por um rapaz com pouco mais de 20 anos, que falava pausadamente e nos olhava de um jeito tão cheio de amor, que até eu me emocionei naquela conversa a portas fechadas.


Foi duro ouvir meu sobrinho falar que fazia 4 anos que era usuário de crack, que tudo começou com um cigarrinho (sem nenhuma pretenção) de maconha e, outras coisas mais que nenhuma mãe gostaria de saber que seu filhinho querido e inocente fez.


Passado o choque, esse papo, só fez nos aproximarmos mais, compreender mais as coisas que envolvem um dependente de drogas e me deu mais vontade ainda de ajudá-lo a sair dessa furada. Não era possível que aquele menino fruto de uma família unida, que se ama, que se reune nos bons e maus momentos, que se beija, se abraça, que conversa, que cuida, que zela e respeita, tenha se desviado dos valores mais prezados por ela. No fundo do meu coração, tenho a certeza que não! Creio que foram esses o conhecimento desses valores que geraram essa vontade nele de pedir socorro e sair disso tudo.


Saimos de lá com a informação que não havia vaga disponível no momento, que ele era o terceiro na fila de espera, mas que poderíamos ir providenciando os exames necessários para sua admissão. Teríamos, a partir daquele mometo, o compromisso de irmos sempre as reuniões da comunidade. era nosso compromisso também, incluir a mãe dele no processo de tratamento. Era imprescindível a participação dela. Tínhamos que a fazer entender que ela precisava estar presente e ser atuante nessa etapa de espera de vaga, de tratamento e reconquista da confiança.


A tarefa de conversar com minha irmã, mãe do meu sobrinho, foi dada a minha irmã que nos acompanhou na trigem. Nesse dia, ela retornou para casa com meu sobrinho e conversou com sua mãe.

Noite cheia de reencontros, de apara de arestas e reconquista do diálogo e esperança. A mãe de meu sobrinho enxergou que essa não era como as tentativas anteriores. Agora ele queria de fato e estávamos todos empenhados em ajudá-lo a controlar essa doença incurável (isso mesmo, a dependência de drogas é uma doença incurável. A grande vitória sobre ela é evitar o primeiro trago, cheirada, gole...mas há de ser adicto para sempre).

Acho que estamos no caminho certo. O primeiro passo nosso, tem que ser dar o direito a ele provar que realmente quer e está falando tudo de coração. Confiar.... confiar...e rezar a Deus.



Enfim...assim se segue!

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Castelo de Mourão - Portugual


RESISTÊNCIA.
Essa é a Palavra do Dia.
Boas notícia a compartilhar.
Aguardem!!!!!

domingo, 17 de maio de 2009

As Boas Novas

Desculpem meus queridos,

ando meio ferrada da coluna e a dor me deixa sem vontade de nada. Mas hj acordei mais disposta e pronta para atualizar um pouquinho isso aqui.

Finalmente consegui falar com a psicóloga. A primeira impressão que tive dela não foi das melhores. Creio que seja porque sempre acreditamos que nossos problemas são mais importantes do que os dos outros, não é? Mas enfim...

Ela orientou-me a respeito de como efetivar a inscrição do meu sobrinho no programa das chamadas comunidades terapêuticas. Disse-me que elas são quatro: Uma em Fortaleza (Aquiraz), outra em Itapipoca (Ceará), Baixo Guandu (Espírito Santo), Bangu (Rio de Janeiro - dentro da Reserva Florestal do Mendanha). Mas que pessoas de todos os Estados do Brasil podem ser acolhidas, bastando, para isso, entrar em contato eles, sendo que cada casa abriga um número máximo de 15 (quinze) pessoas.

Explicou-me que estas são casas mantidas pela assessoria de Promoção Humana da Comunidade Católica Shalom para acolher irmãos que entraram no caminho das drogas e que se tornaram dependentes químicos (Adictos). Não é uma clínica, mas um lar temporário para ajudar os adictos a reencontrarem o caminho da liberdade, da esperança e do sentido de suas vidas. Os jovens ficam morando nestas casas por um período de 8 (oito) meses.

Para entrar na Comunidade Terapêutica, primeiro é preciso que o adicto deseje realmente ficar curado e livrar-se definitivamente das drogas. Em segundo lugar, é preciso passar pela casa de triagem, para uma entrevista, onde a situação será analisada de forma personalizada.

Explicou ainda que o tratamento consiste no acompanhamento espiritual, psicológico e na laboterapia, que ajuda na desintoxicação. Que em primeiro lugar é necessário resgatar a dignidade como sendo filho de Deus e também a de sua família.

Deu-me o contato do Centro de Evangelização para fazermos a triagem (Rua Vicente de Souza, 29 – Botafogo – Rio de Janeiro - RJ – CEP 20270-233 - telefones:(21) 2535-4831 e 2535-2804 das 14:30h às 22:00h.)

Disse-me que na triagem são realizados vários acompanhamentos, conversas com o adicto e também com sua família, sempre com o intuito de conhecer a realidade e gravidade do problema, saber se é necessário o internamento, e orientar sobre o funcionamento da Comunidade Terapêutica, exames necessários, etc.

Informou ainda que as CTs são exclusivamente masculinos, que acolhem pessoas de qualquer religião, sendo que antes de entrar elas são orientadas sobre a identidade católica da CT e que faz parte do tratamento a participação do adicto em todas as atividades da casa, inclusive nas atividades religiosas. Falou a respeito da faixa etária para poder realizar o tratamento: dos 16 aos 60 anos.

Contou-me a respeito do dia-a-dia dos internos, que consiste em uma rotina que envolve momentos religiosos: (oração, estudo bíblico, vida sacramental), momentos de formação humana; profissionalizantes (oficinas), momentos de esporte, lazer, descanso e momentos de acompanhamento terapêutico, grupal e individual.

Deixou claro que a participação da família é tão necessária que, sem ela, pode ocorrer desligamento do interno da casa. Tendo a família um papel fundamental, é praticamente impossível recuperar um jovem das drogas sem resgatar também a sua família.


Perguntei-lhe a respeito do custo desse tratamento. Coisa que me deixava muito tensa, visto que sabia que não tínhamos (a família) como arcar com um tratamento muito oneroso. Ela me revelou que o tratamento não era gratuito. Que, por ser uma Comunidade que vive da providência de Deus, não tinha recursos para se manter. Por isso, pediam a ajuda de três salários mínimos por mês de cada jovem para custear suas despesas. Mas que eram abertos a analisar a situação individual de cada interno, já que a missão deles era resgatar e o dinheiro não pode ser um obstáculo para o essencial.

Expliquei-lhe que isso era um ponto crucial para prosseguirmos com o processo junto à Comunidade Católica. Ela apenas me disse que isso deveria ser tratado no momento da triagem. Que ela não poderia fazer nada a respeito, visto que era apenas a psicóloga da CT. Mas que fôssemos na próxima terça-feira (dia de triagem) ao endereço dado. Lá seríamos orientados da melhor forma possível.

Mesmo com esse entrave tentando me desanimar, entrei em contato com o pessoal da triagem e confirmei nossa ida (minha, de meu sobrinho e de minha irmã) na próxima terça.


É isso pessoal, não consigo mais escrever. Mas tenho muito mais coisas para contar. Logo coloco o blog em dia.

Até e obrigada pelo ombro amigo.

Abraços a todos!

sábado, 9 de maio de 2009

O segundo Passo

Olá!

Tenho tantas novidades BOAS pra contar....tantas!

Sempre digo que Deus nunca me desampara e que, nos momentos críticos, sempre segura minha mão para que eu não perca o caminho certo.

Tudo está seguindo como se deve!

Mas conto assim que minha dor nas costas diminuir. Não estou aguentando ficar sentada digitando. Estou querendo muito repartir os sucessos dessa minha luta com vocês...

E há sucessos para compartilhar.

Até!

terça-feira, 5 de maio de 2009

Um novo dia!!!!


Como é bom acordar pela manhã, abrir a janela, ver o sol nascer e sentir-se cheia de ESPERANÇA.

Estou pronta para mais um dia!!!

Estou viva, e por isso tenho que seguir à diante!

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Seguindo na luta

Logo que pude, entrei em contato com meu sobrinho. Precisava ouvir dele a confirmação do que tinha escrito. Sua voz ao telefone era meio embargada, como se houvesse chorado. Confirmou a vontade de largar o que estava destruindo. Mais do que isso, evidenciou o que todos sabíamos. Disse: "Preciso sair daqui. Sei que se não me ausentar deste lugar, se não parar de estar com os "parceiros", será muito difícil largar o crack. Mas eu quero, eu preciso sair disso. Não agüento mais!"

Choramos juntos e ali se solidificou um pacto. Eu iria ajudá-lo. estaríamos juntos nesta luta.

Não tenho experiência com esse tipo de coisa, mas os 8 meses que freqüentei o AA (Alcóolicos Anônimos) na intenção de ajudar e incentivar um ex-amor na sua cura contra o alcoolismo, me deram a noção do quanto são doentes os dependentes de droga, seja ela qual for: álcool, cocaína, maconha, heroína, crack, bolinhas, remédios, etc...

Como são doentes, não tem domínio sobre os seus atos. Antes, achava que tudo era uma questão de querer parar. Mas agora entendo que é mais do que isso. Sozinhos, sem tratamento, sem ajuda, não "conseguem" parar.
Tenho que aproveitar que meu sobrinho está realmente disposto a dar um basta nisso. O tempo solicita urgência na tomada de providência, pois o que hoje é determinação, amanhã pode estar enfraquecido pela necessidade da droga, pela pressão dos amigos e das pessoas que vendem a droga. Afinal, ninguém quer perder uma fonte de lucro.

Engraçado como as coisas acontecem ao nosso redor e não nos chamam atenção. As drogas só passam a ser percebidas quando entram na nossa vida. Foi o que aconteceu com comigo.

Ultimamente tem havido muitas reportagens nos jornais e na tv a respeito do crack. O governo estadual tem tomado consciência do quando a droga tem roubado a infância, juventude e vida dos nossos jovens. Assisti algumas dessas reportagens. Choquei-me com elas. Mas como parecia distante da minha realidade, achei que "eu" não poderia fazer nada, que isso era uma obrigação do governo. E já que ele havia tomado consciência do fato, estava nas mãos certas à solução de tudo. Pensei que o problema não era "realmente" meu e apenas me indignei temporariamente, me solidarizando com as autoridades. Enfim, alguém iria fazer algo, ou pelo menos, mostrar a sociedade que estava fazendo.

Mas as coisas ficam diferentes quando deixam de entrar na nossa casa através da televisão e adentram pela porta de entrada. Aí nos damos conta do quanto responsáveis por ela também somos. O quando perdemos todos, como sociedade, quando algo tão silencioso nos rouba a vida de nossos filhos.

A primeira providência que tive, foi procurar na internet, o nome de clínicas que tratassem do problema. Descobri que existem algumas e, que é muito mais fácil tratar seu doente quando se tem dinheiro no bolso. Infelizmente, não possuo este dinheiro. Daí, as alternativas foram drasticamente reduzidas.

Quando não se tem vergonha de tratar desse assunto, quando não tentamos esconder o que não quer se esconder naturalmente, quando partilhamos a nossa dor com aqueles que realmente se importam, o universo começa a criar alternativas próprias.

Falando com uma prima distante, descobri que o filho dela já havia passado por um tratamento destes. No caso dele, a droga era a maconha. Mas apesar de menos agressiva e com características mais amenas do que o crack, seu filho havia não só se tornado um viciado, mas também havia entrado no mundo do crime, sendo aliciado pelo tráfico e virado um de seus soldados.


Coincidentemente, esta seria a semana em que findava o tratamento de seu filho. Ele havia permanecido 1 (um) ano em tratamento numa clínica mantida pela igreja católica. Segundo ela, a clínica era um lugar agradável, muito parecido com um sítio ou chácara, cheio de regras, disciplina, de tratamento rigoroso e também de atividades que ocupavam a cabeça os internos.


Disse-me que no primeiro mês de internação é proibido qualquer tipo de visita. Provavelmente esse é o período de desintoxicação. Creio eu, que seria doloroso tanto para o interno como para seus familiares, compartilhar esse momento de recuperação da auto-estima e recomposição o ser humano ali internado. Soube também que os internos são incentivados a ter uma atividade diária em prol daquela comunidade: cuidar da horta por exemplo. Além de cultivar uma relação aproximada com Deus e ter sessões de terapia em grupo.
Infelizmente a clinica também era paga, e nesse momento eu não teria como arcar com tal despesa.

Que luz aquela que se abriu a minha frente, quando minha prima me falou de outra possibilidade de pagamento? Contou-me que na época em que se deu a internação do filho, a entidade não era paga e que por isso ele fora internado ali. Prometeu-me que no dia em que iria pegar o filho, falaria com os padres administradores a respeito do caso de meu sobrinho e que depois me daria uma resposta.


Esperei ansiosa por sua ligação. Só ontem ela isso ocorreu. Ela conseguiu uma entrevista com a psicóloga responsável pela clínica. Seria a ela que exporia o caso de meu sobrinho e também solicitaria alternativas para custear o tratamento dele.

Já liguei para a psicóloga hoje. Ela me pediu que retornasse a ligação mais tarde, pois estava em atividade com o grupo naquela hora.


Que ansiedade invade o meu peito! Quantas expectativas positivas tenho dessa nossa primeira conversa.

Como estava falando. Resolvi expor meu caso nesse meio eletrônico porque acho que nossas experiências com esse assunto pode acabar ajudando alguém que esteja na mesma situação. E não é que já me geraram frutos. Uma amiga que leu meu blog acaba de me ligar dizendo que talvez possa me ajudar com a internação. Disse que o marido de sua tia tem uma clínica de recuperação em outro município e que quem sabe se falasse com ele, as coisas pudessem ser ajustadas às minhas possibilidades de pagamento.


Agradeci a ela, mas estou deixando essa alternativa em standby. Como já iniciei o processo com a outra clínica, prefiro dar prosseguimento ali, e se não for possível, buscar então as outras possibilidades.

Já contei tudo isso pro meu sobrinho. Ele me disse que tem evitado sair. Que tem tentado se controlar no uso da droga. E que está realmente determinado a se curar. Disse ter lido meu blog e chorado muito, pois não tinha noção do quanto à família tem sofrido com tudo isso.


Contou-me de como foi agradável passar o fim e semana com o filho de sete anos. Contou-me que há muito tempo não andava de bicicleta com ele e se sentia tão feliz.


Ah! Vocês não conhecem meu sobrinho. Ele é adorável, lindo, cheio de vida. Se vissem como a droga o está matando. Como ele anda magro, com cara de infeliz. Isso é de partir o coração. Tem que dar certo, tem que haver uma solução para isso!

Não posso perder essa guerra. Já é difícil perder um filho para a morte em um acidente, por uma doença ou outras possibilidades do nosso dia-a-dia. Imagina como é doloroso perdê-lo para as drogas?


Imagine!


Até!

sábado, 2 de maio de 2009

Pedido de socorro! - O início da luta contra o Crack

Outro dia, ao abrir minha página no orkut, deparei-me com um pedido de socorro. Estava escrito o seguinte: "Tia, quero me tratar. Vc vai me ajudar? Naum aguento mais isso. Quero me internar. bjs".

Fechei os olhos depois de ler e senti uma pontada no meu coração. Enfim, aquele pedido de socorro chegara. Pensei que ele não viria nunca.

Aquele era o pedido de ajuda vindo do meu sobrinho. Um rapaz lindo, de 26 anos, pai de um menino de 7 anos, cuja vida foi definitivamente marcada pelas drogas.

Ainda olho para trás e vejo o menino de outrora, que discursava no púlpito da igreja que frequentava. Fé profunda em Deus. Futuro promissor como aluno recém formado pelo Colégio Primeiro de Maio, conveniado com o CEFET/RJ. Aos 18 anos já trabalhava na Light como eletricista, de onde houve a indicação para fazer o curso e posteriormente ser contratado efetivo da empresa.

Tudo parecia tão bem, com o fluxo da vida seguindo naturalmente seu percurso comum.
Mas a vida sempre nos prega peças, não é mesmo? E como não sou daqueles que dizem "deixa a vida me levar", me pergunto, aonde foi que pegamos a outra estrada sem perceber?

A pequena família do meu sobrinho sempre teve uma vida confortável. Os pais não eram ricos, mas os filhos estudavam em colégio pago, faziam cursinhos, tinham tudo do bom e do melhor. Essa vida era custeada com um pequeno comércio, mais especificamente uma adega, onde meu cunhado e esposa trabalhavam diariamente. Não havia luxo, não havia desperdício. Mas tudo que se precisa para se viver dignamente era providenciado pelo pequeno comércio.

Em casa, havia uma mãe zelosa, que cuidava dos filhos como se fossem sempre pequeninos, como se nunca fossem precisar enfrentar a vida do lado de fora. Havia diálogo, mas aquele corriqueiro, sem profundidade. Era mais ou menos assim: Eu já vivi a vida, já sofri, já apanhei, já chorei por isso, tomei caminhos errados, me arrependi e paguei o preço. Agora vcs não precisam viver isso tudo para aprender a viver. É só seguir o que falo.

Já o pai era mais ausente. Estava sempre preocupado com o trabalho e o sustento da casa. Enquanto a mãe trabalhava na adega apenas preparando as refeições do almoço, ficando ali só naquele horário, o pai lá ficava em tempo integral. Quase não ia em casa durante o dia, quase não participava do dia-a-dia dos filhos. Mas era amoroso, carinhoso e generoso para com os eles. E por isso era adorado.

Numa bela manhã de sol, após se despedir da família e dirigir-se ao trabalho, meu cunhado tem um enfarto no meio da rua e é levado para um hospital particular há duas quadras de casa. Apesar de todas as tentativas dos médicos de lhe salvar a vida, ele morre, deixando para trás uma dívida hospitalar, uma adega que ia mal das pernas, anos de dívidas com o INSS e uma família sem rumo.
Toda a vida mudara desde então!

E foi nessa época que a cabeça de meu sobrinho começou a mudar. Ele não aceitava a perda do adorado pai. Conflitáva-se com a mãe que não entendia que a vida tem urgência para ser vivida. E além do mais, alguns problemas psicológicos que eram sintomáticos há tempos, mas que não foram tratados como se deviam, começaram a ocupar um lugar mais significativo na cabeça dele.
Uma época financeiramente difícil iniciou-se. Um estado de sem rumo pairou pela família toda. E ainda viria mais coisas por aí. A mãe, um ano depois da morte do marido, esteve entre a vida e a morte num hospital público, vítima de um mioma não cuidado, uma cirurgia mal feita que quase atinge os rins, bolsas e mais bolsas de sangue e um longo e penoso período de internação.

Até que veio uma época mais amena para meu sobrinho: a gravidez da namorada, o nascimento do filho, a união dos dois, a partida para são Paulo na esperança de uma vida nova, a sociedade com o sogro e a felicidade de se ter a própria família, de se reger a própria vida.
Mas o que esperar de uma pessoa que sempre teve sua vida nas mãos dos outros? O que esperar de alguém que não aprendeu a amadurecer com a vida...que sempre foi poupado de tudo de ruim?

Apesar de todos os esforços, o fracasso bateu a porta e o retorno para o Rio culminou com o enfraquecimento do casamento, com brigas, com dor e violência. A separação foi inevitável!

Com mais um sonho destruido, sem estrutura para enfrentar a vida, com amizades equivocadas, com insegurança e medo, as drogas foram um refúgio quase que natural.

A era da dor começara...profundamente...irremediavelmente!

O que naquela época iniciara-se com uma simples maconha, hoje é manipulado pelo crack.

O crack é uma droga ilegal derivada da planta de coca. É feita do que sobra do refinamento da merla, que é sobra do refinamento da cocaína, ou da pasta não refinada misturada ao bicarbonato de sódio e água. Eleva a temperatura corporal, podendo levar o usuário a ter um acidente vascular cerebral. A droga também causa destruição de neurônios e provoca no dependente a degeneração dos músculos do corpo (Rabdomiólise), dando aquela aparência esquelética ao indivíduo: ossos da face salientes, braços e pernas ficam finos e costelas aparentes. Normalmente um usuário de crack, após algum tempo de uso, utiliza a droga apenas para fugir da sensação de desconforto causado pela abstinência e outros desconfortos comuns a outras drogas estimulantes: depressão, ansiedade e agressividade.

Estou pronta para atender o pedido do meu sobrinho. Ainda não sei bem como fazer isso. Acredito que, sem muitos recursos financeiros, a dificuldade de encontrar algum lugar decente para o tratamento seja difícil. Nem possuo muita noção do que tenho a enfrentar a partir de agora. Uma luta que, pelas estatísticas, está quese perdida...mas pela fé e o amor, está apenas começando.

Como escrevi no início, não sou daquelas pessoas que "deixa a vida me levar". Sou eu que conduzo meu caminho. Apesar de não saber quase nada dessa estrada em que adentro agora, estarei atenta, ciente de que muitas vezes terei que acompanhar uma multidão, mas que também poderei ser a solitária viajante de um caminho trilhado por poucos vencedores.

Aqui nestas páginas, vcs lerão a minha (nossa, já que a família estará comigo) tentativa de salvar meu sobrinho do crack.

Fiquem atentos. De algum modo isso poderá ajudá-los!


até

Inicial

Olá pessoas,

Nem sei bem o que pretendo criando um blog.

Nenhuma experiência com a escrita. Muito mal sei falar as bobagens da cotidiana vida minha. Mas sendo eu uma pessoa desinteressante, uso este meio para tentar criar um ar mais instigante sobre mim mesma. Creio que isso seja pouco provável! Afinal, o que uma vida comum de um ser humano sem grande diferencial teria de interessante para o alheio.

Ainda há tempo de vc desistir de ler as tão maus traçadas linhas dessa inexpressiva pessoa chama Márcia Vitor.

Se ainda estiver por aí quando acabar de ler os meus coments, então poderá opinar sobre o que quiser.

Entre a casa também é sua!!!


abraços